Finalmente o dia que iriamos para Franca, Lar doce Lar, a viagem foi mais curta do que o planejado já que conseguimos em 2 trechos andar mais que o esperado e ainda o caso de Machu Pichu, porém a viagem foi realmente especial para fechar com chave de ouro pegamos a mais forte chuva dos 9.200KM aqui bem perto entre Brodowski - SP e Batatais - SP, chuva para lavar a alma e colocar pela ultima vez a capa de chuva.
Percorremos 1.100 KM de maneira ansiosa mas conseguimos controlar bem o nervosismo e chegar são e salvos em Franca ainda durante o dia.
Agradecemos a todos que acompanharam o Blog ou o Facebook, a viagem realmente deixa uma série de ensinamentos e experiências, pessoas que conhecemos, histórias, lugares e também amigos, depois vou publicar mais alguns vídeos que são grandes e não puderam ser publicados durante a viagem.
Ps.: Quero agradecer a Deus por ter nos protegido por todo este trajeto, pois realmente não houve problemas nem mecânicos, nem policiais, nem intercorrências de saúde que puderam complicar a expedição. Abraço a todos.
Companheiro Marcos Lauria segue seu rumo a partir de Londrina
Dia de trocar o óleo da moto, finalmente depois de mais de 6 mil km procurando achamos, trocar o pneu já que o meu está careca e aqui é baratinho e fazer umas comprinhas no Paraguai porque ninguém é de ferro, aproveitando para comer bastante e recarregar porque amanhã começa a volta.
Sabem aquele cavalinho manso do sítio do seu avô? Aquele que na saída do passeio era tranquilo, até moroso demais? E que a partir do momento em que tomava o caminho de volta para casa ficava difícil de segurar tamanha a pressa do bichinho? Nós motociclistas sofremos deste mesmo mal.
Toda a viagem tem aquele momento em que terminam as atrações propostas e inicia-se o retorno, à volta para casa, nessa volta a moto vem mais pesada, são fotos e mais fotos para mostrar aos amigos, são experiências vividas que queremos compartilhar, presentes, objetos de artesanato para decorar a casa, saudades da família, enfim vocês sabem do que estou falando. Pois é toda esta bagagem extra de emoções, sentimentos e expectativas que desencadeia os sintomas que podemos observar em todos nós, sendo assim uma Síndrome da Volta.
Os sintomas? O paciente começa a ter pressa e apurar os outros, esquecemos objetos no hotel, sai do abastecimento sem prender o capacete corretamente, faz inúmeras simulações no GPS, tenta maratonas insanas para chegar ao destino, liga para casa, manda mensagens e em seu estágio mais avançado o paciente passa a não curtir mais a viagem e a cometer imprudências no trânsito.
Em nosso devaneios dentro do capacete pensando neste assunto, constata-se que não temos formação para indicar algum tratamento, mas alguns conselhos podem vir a calhar: Muita calma e planejamento, se possível deixe alguma atração para ser vista na volta criando assim uma expectativa, não tem o que ver ou fazer a não ser voltar? Seja realista por mais que queira você não vencerá os 2000 km restantes em um dia, então calma, olhe no mapa e marque um destino, procure chegar cedo com tempo para achar um bom hotel, dê uma caminhada ,ache uma boa janta e procure curtir, afinal a volta ainda é a viagem, tome mais um refrigerante(Inka Cola) com "media lunas", aquele pão de queijo das Minas Gerais, pare na tenda na beira da estrada e prove uma fruta diferente destas que vendem a beira da estrada, assim podemos evitar a ansiedade do retorno e fechar com chave de ouro a aguardada viagem,
Vale lembrar: a viagem só termina no portão de casa com o totó abanando o rabo e o motociclista cansado, mas são e salvo matando saudades junto de sua família.
Último dia no exterior, finalmente voltaremos a ouvir português, usar o real como moeda e comer carnes, massas, arroz e feijão como só no Brasil tem, foram 650 Km que passaram até que rapidamente, de uns dias pra cá a moto parece que tornou-se parte natural do corpo, é mais fácil suportar grandes distâncias apesar do cansaço, fazer curvas agora com mais confiança e por ai vai, enfim a viagem vai chegando ao fim, amanhã descanso em Foz do Iguaçu depois começar a volta propriamente dito, a saudade de casa fica cada vez maior, a viagem está sendo muito proveitosa porém, voltar é sempre muito bom.
Início da volta, hoje teríamos 850 KM, de grandes retas e talvez muita chuva como prometia a previsão do tempo, felizmente a segunda parte não se confirmou e as paisagens não mereciam uma parada além de que o tempo era curto, a preocupação maior fica para a falta de combustível que assola a Argentina a mais de 2 anos, então a cada posto que aparecia íamos abastecer em todos eles filas, alguns gasolina somente em uma bomba. O Chaco Argentino e o Pampa del Infierno é uma versão light da região de Cuiabá é quente mas lá em Cuiabá eles chamam de uma manhã fresca e as estradas são ruins mas nem tanto a ponto de prejudicar o andamento da viagem como na cidade brasileira.
Veja na foto os carros que estão abastecendo, é realmente a Argentina está quebrada.
É isto sem muitas emoções apenas a ansiedade de chegar ao Brasil, chegamos a Resistência por volta de 6 horas, a cidade é grande e bem estruturada.
O dia prometia, afinal, mais uma vez íamos mudar de país, sente só um pouco do drama:
Fazer a saída na aduana chilena(fila)
Rodar 160 Km para chegar na fronteira da Argentina
Trocar dinheiro e adaptar-se com os novos valores de câmbio de valores
Fazer a entrada na Argentina, correndo o risco de ser barrado por documentação
Enfrentar o frio
Enfrentar a chuva
Enfrentar as curvas
e por ai vai.
Mas foi muito mais que isto, em menos de 24 horas, experimentamos as 4 estações, em San Pedro de Atacama um calor infernal, ao sair de manhã e esperar na aduana na fila, já estava frio e mais uma vez fomos subir a cordilheira até 4.800 metros, mãos congeladas e muito frio, sensação com certeza em 0 grau ou menos, chegamos a aduana Argentina e para nossa surpresa estávamos liberados em 5 minutos, alívio total, seguimos para o posto logo após a fronteira e lá já encontramos uma turma de brasileiros de Brasilia, nota, já estávamos acompanhados por 7 outros companheiros(2 brasileiros de Bauru, 1 casal do paraná, 1 casal da Colômbia e outro amigo de Espirito Santo do Pinhal(perto de Campinas)), este último nosso novo companheiro de viagem(Marcos) já que o mesmo estava sozinho em sua Bandit 1250, já no posto começam as histórias, ontem aqui uma Harley Davidson pegou fogo aparentemente do nada, neste mesmo momento chega um Motor Home com um casal na faixa dos 50-60 da Alemanha já estão andando desde o Canadá faz um bom tempo e vão continuar aqui, ainda encontramos outro Motor Home da Alemanha com um casal de jovens, na cidade ainda tinha Holandeses de moto e uma casal da República Theca, acha que a gente é doido? Enfim seguimos viagem e começamos a tirar fotos nos salares, ai começa a chuva, que nos acompanhou por um bom tempo, os caracoles são um espetáculo a parte para quem gosta de curvas na última etapa da viagem pegamos uma estrada que ia para o lugar certo com 40 KM de "atalho" porém demoramos 1 hora a mais, pois a mesma segue a beira de um precipício(Cornisa) e ainda com chuva, chegamos bem e o Marcos (novo companheiro) já tinha reservado um hotel, muito bom por sinal, principalmente após San Pedro de Atacama.
Estamos em Salta uma bonita cidade, comemos uma ótima Parilhada e tomamos um sorvete Guido, morram de inveja pois é bom mesmo.
A estrada sempre nos reserva boas surpresas, chegamos a encontrar mais de 30 motos em um posto de gasolina todos brasileiros, conhecemos pessoas com profissões totalmente diferentes(dono de transportadora, protético, analista, aviador particular de uma famosa dupla sertaneja e por ai vai), cada um com suas experiências e história de vida que sempre tem algo a nos enriquecer, agora a noite tomando sorvete para ao nosso lado o Beto(de São Luis do Maranhão), que já conhece meio mundo, tem 28 anos casado e com uma filha que nasceu no Peru, ele faz artesanatos com arame que por sinal são muito bem feitos, outra hora posto a foto, diz ele que daqui pretende ir para a Buenos Aires depois Patagônia, ele está na estrada faz 11 anos, ai vem a pergunta ele é feliz? Quem é? Ele está errado? E nota-se que conversando com ele a grande cultura que ele já acumulou, apesar do visual despojado(Hippie) que muitas vezes pré julgamos erroneamente. É isto ai pessoal, são muitas histórias para contar poderia ficar aqui a noite toda, mas vamos dormir.
Amigos de estrada
Salar 1
Salar 2
Mais amigos
Igreja Salta 1
Igreja Salta 2
Igreja Salta 3
Sorvete Grido
Hostel San Pedro de Atacama(Esparta)
Fronteira Argentina
Casal Alemão que vai viajar por 1 ano
Mais de 30 motos em um ponto isolado do planeta (coincidência)